RELATO DE PARTO DOMICILIAR Alessandra & Beni – 28/11/2014

Seria mais uma sexta feira qualquer, mas foi a sexta que ELE escolheu para nascer. Ele estava pronto e preparado, assim como eu que vinha me preparando desde que planejamos ter o segundo filho.

Na gestação do Davi (nosso primeiro filho) tínhamos o desejo de que ele nascesse de parto normal, mas a falta de informação de nossa parte e as justificativas médicas nos levaram a cesariana o que para mim foi bem frustrante.

Mas agora não, nesta segunda gestação estudamos, nos informamos, ouvimos inúmeros relatos e sentíamos prontos para recebermos o nosso caçula como sonhávamos, de parto domiciliar.

Esta decisão só foi divulgada após o nascimento.

Era 04h30 da madrugada do dia 27 e novembro, senti um desconforto e ao ir ao banheiro notei que era a eliminação do tampão mucoso, a partir daí tinha certeza que não faltava muito para tê-lo em meus braços.

Estava em paz, tinha me informado bastante o que me ajudou muito na decisão de que ele chegaria no momento dele da forma mais natural possível.

Informei meu esposo 2 horas depois e a enfermeira obstetra 4 horas depois! Neste ínterim fui tomar banho de sol com meu filho, preparei o almoço, almocei sem sentir nada.
Lá pelas 14h00/15h00 comecei a sentir as contrações que vinham como uma onda suave. Nestes momentos eu corria para sofá e me debruçava sobre o encosto e meu marido fazia massagem ao mesmo tempo em que meu filho acariciava meus cabelos e dizia “esta tudo bem mamãe, está tudo bem”…

Lembro-me como se fosse agora meu dialogo com a parteira, (é assim que ela gosta de ser chamada) tudo envolto de muita expectativa, mas também de muita alegria.

Combinamos que assim que eu desejasse entraríamos em contato para ela vir ao meu auxilio e assim foi ela chegou entre 18h00/19h00.

Que alegria senti ao vê-la chegar, com calma, confiante e disposta…

Na chegada dela fizemos um toque e eu já estava com 7 cm de dilatação! Que alegria e que alivio ao pensar que faltava pouco e tudo o que eu tinha passado até ali era bem menos do que muitos pintaram…

As lembranças que tenho de meu trabalho de parto são lindas, no nosso quarto tranquilo, na penumbra, ouvindo as músicas que escolhemos para aquele momento, com o nosso filho Davi correndo para lá e para cá com um massageador nas mãos que vez ou outra ele passava nas minhas costas…

Lembro-me também do carinho de toda equipe (duas enfermeiras obstetra, mais a fotografa/doula) e é claro de meu amado esposo incansável ali do meu lado tendo quase seus dedos esmagados quando vinham as contrações.

Comi, bebi, andei, deitei, conversei, cantei, mas o que eu mais preferia era ficar sentada na bola de pilates concentrada segurando as mãos de meu esposo…
Lembro-me emocionada da cena, nós no auge da madrugada, meu esposo, a parteira e eu cantando uma canção que eu cantei muito no final da gravidez para o meu bebê que diz assim:

Bem vindo meu novo ser
Cercado de proteção
De tanto amor tanta paz
Dentro do meu coração

É como se eu tivesse
Esperado toda vida pra te embalar
É como se eu tivesse
Esperado toda vida pra te embalar
Como foi lindo este momento, era como se eu estivesse chamando ele…

As 04h00 da manhã as contrações já estavam bem intensas e ao tocar-me a parteira percebeu que eu já estava com 9 cm de dilatação nesse mesmo momento a bolsa rompeu!
Senti um alivio e partir daí uma vontade enorme de fazer força. Sentei na banquetinha de parto que estava no meu quarto me apoiei no meu esposo que estava atrás de mim sentado na nossa cama.

Fiz força, força, quando a equipe começou a ver o cabelinho, lembro-me de me perguntarem se eu queria ver e colocar a mão na cabeça do bebê, mas eu não quis, estava muito concentrada nas forças e só queria tê-lo em meu braços logo.

Foram apenas três forças e ele nasceu as 04h45 tranquilo, rosadinho medindo 54cm e pesando 3.950kg. Imediatamente foi colocado nos meu braços emocionados ficamos ali meu esposo e eu anestesiados com tudo que sentimos e radiantes por ter alcançado o que para nós foi uma vitória. Ter nosso filho como sonhamos…

Minhas forças se foram depois disto, tive uma laceração e levei alguns pontos, mas nada se compara com a cirurgia a que fui submetida na primeira gestação e principalmente a realização que estava sentindo naquele momento por ter ido até o fim e atestar que foi possível protagonizar com o nosso filho o seu nascimento…

A placenta não demorou, logo saiu e o cordão umbilical após parar de pulsar foi cortado pelo papai. Fui para cama e ali o nosso Beni foi amamentado e ficamos pele a pele até muito depois de amanhecer o dia.

Que sábado especial foi aquele!

Gratidão imensa ao meu Deus Criador que idealizou tudo isto desde o principio;
Ao meu marido que acreditou e sonhou junto comigo;
A minha querida parteira, Ivanilde Rocha que se deixou ser usada por Deus mais uma vez para tornar um sonho realidade;
As queridas Denise (Enfermeira obstetra) e Daiane (doula/fotografa) pelo constante carinho e incentivo que fez total diferença;
E a minha família por respeitar a nossa decisão.

Veja as fotos:

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